Milena Nogueira: 'Não estou no samba por ego e não faço disso a minha profissão'
Rainha de bateria da Águia de Ouro, mulher de Diogo Nogueira conta que resiste às tentações antes do Carnaval mesmo com o marido devorando pudim de tapioca na sua frente
"Como estou comendo pouco carboidratos, a vontade de doce começa a aumentar. Meu marido, outro dia, chegou com um pudim de tapioca. Tirei até uma foto com cara de 'olha pelo o que eu tenho que passar'. Ele até falou para eu comer um pedaço, mas disse: 'sou muito mais forte do que isso'."
MILENA NOGUEIRA: Acho que esse ano a Águia de Ouro vem mais preparada. No ano passado, perdemos 1 ponto por um minutos de atraso. Acho que a escola cresceu em termos de popularidade do ano passado para esse. Acho também que tomaremos mais cuidados com a questão do tempo, que nos fez perder um precioso ponto em 2013. O samba está lindo novamente. As pessoas comentam no Rio sobre o samba da Águia. É um samba que ultrapassou barreiras. Escuto comentários positivos, o que é maravilhoso.
QUEM: Quais são seus cuidados para estar com este corpão?
M.N.: Minha preparação é constante. Não me preparo para o Carnaval. Sou personal e escrevo sobre saúde. Meu dia a dia é este. Não tenho uma preparação para o Carnaval. Acrescento o trabalho cardiorrespiratório para aguentar o peso do desfile. Você tem que sambar, dançar e evoluir com peso, com sede e com tudo. Eu me preparo nesse sentido. Comigo não tem essa de “agora vou focar no bumbum”. Já tenho uma preparação há muito tempo, há muitos anos.
QUEM: Você sempre gostou de ir para academia?
M.N.: Sempre. Desde pequenininha. Sou formada em educação física. Quando eu era criança pegava onda, fazia balé, era do time de handebol da escola. Sempre gostei de movimento.
QUEM: Perto da data do desfile, você intensifica o treino?
M.N.: Não, até porque próximo ao Carnaval, os compromissos ficam mais puxados. O treino acontece quando dá. Por exemplo, na última semana só consegui treinar três vezes. Meu normal é malhar seis vezes por semana. Treino uma hora e meia ou duas horas por dia. Quando fazia aula de samba no pé, aí ultrapassava um pouco porque até acertar um passo, não ligava para a contagem do tempo.
QUEM: Você precisou fazer aulas de samba?
M.N.: Fiz no ano passado, a fim de aprimorar. Faço aulas com o Carlinhos do Salgueiro, um profissional superexperiente e com nome no Carnaval do Rio. Tenho o prazer e a sorte de tê-lo como mestre.
QUEM: Na sua dieta tem algum item que tenha abolido?
M.N.: Não bebo nada alcoólico. Estou sem refrigerantes há alguns meses. Até tomava um [refrigerante] zero aqui ou ali, mas agora estou sem nada. Carboidratos integrais, no máximo, até às 18h e em porções de pequena quantidade.
M.N.: Como estou comendo pouco carboidratos, a vontade de doce começa a aumentar. Meu médico explicou que era normal ficar com vontade, mas eu não cedo à tentação. Meu marido, outro dia chegou – eu já deitada – e ele com um pudim de tapioca. Tirei até uma foto com cara de “olha pelo o que eu tenho que passar”. Ele até falou para eu comer um pedaço, mas disse: “sou muito mais forte do que isso”.
QUEM: O Diogo vai te acompanhar nos desfiles?
M.N.: Aqui em São Paulo, não. Ele está com agenda de compromissos na Bahia. Ele só vai desfilar na Portela, que é a escola de coração dele.
QUEM: Você é salgueirense e ele é portelense. Existe rivalidade?
M.N.: Ah, não. Tenho respeito muito grande pela Portela. É uma escola de muita tradição e, inclusive, já desfilei por lá em um ano que o Diogo venceu o samba da escola. Porque, além de portelense, ele é compositor de sambas da escola. Claro que eu torço pro Salgueiro ganhar, mas acho que, neste ano, a Portela vai fazer um Carnaval bem bonito. Eles mudaram toda a direção e acho que farão bonito. Independentemente de eu não ser Portela, é uma escola profissional. A galera da Velha Guarda fica empenhada o ano todo. Mas quero que o Salgueiro vença. Nos últimos anos, a escola tem ficado na trave.
M.N.: Meu filho mais velho vai desfilar comigo, como apoio, neste ano. O Matheus tem 16 anos e às vezes fica com ciúme. Até então, ele não se ligava muito, mas agora começou a curtir esse lance da bateria, percussão. Ele veio me pedir para assistir. Como é menor de idade, não pode ficar sozinho. Então, ele vai desfilar comigo e depois iremos assistir às outras escolas juntos. Estou honradíssima que ele vai desfilar comigo. O Davi tem 7 anos e ama. Ele toca tamborim, gosta de participar dos shows do pai dele. Ele é super desinibido e vai desfilar comigo na Aprendizes do Salgueiro, que sai na terça-feira de Carnaval. Sou madrinha da escola mirim. Toda a família está no movimento.
QUEM: O que te deixa chateada?
M.N.: É um momento de rivalidade, de concorrência. Não estou no samba por ego. Não faço disso a minha profissão. O lance de ser rainha? Ah, quando for a minha hora. Não é a minha preocupação. Não quero galgar isso. Estou no Salgueiro porque gosto. Fui convidada para ser musa porque a presidente confiou em mim para esse cargo. Se pintar o convite, quero estar preparada.
QUEM: Desfilar como rainha é especial?
M.N.: Ah, é diferente. É o coração da escola. Foi maravilhoso, adorei. No ano passado, a responsabilidade era muito grande [a escola homenageou seu sogro, João Nogueira]. Neste ano, estou mais à vontade e familiarizada com as pessoas. Estou mais integrada à comunidade. Acho que vai ser um show.
M.N.: Acho que deve vender, dar cliques. Por mim, tanto faz o que vão falar. Estou com a consciência tranquila.
QUEM: O que pode adiantar da sua fantasia?
M.N.: É leve, bem bonita e bem dentro do enredo. Não é pouco roupa. Não acho que a nudez seja necessária para o Carnaval. A fantasia tem que ter a fazer com o enredo. No nosso caso é Caymmi e não teria porque vir nua. A fantasia começou a ser feita há bastante tempo. As fantasia tem pedras – tem que ter, né? – e vem na cor da escola.
QUEM: E no Salgueiro?
M.N.: Tenho que estar à vontade. Se for um negócio muito pequeno ou que fica caindo, não é legal. Vou ficar preocupada. Não faço do Carnaval uma profissão. No Salgueiro, vou usar uma fantasia bem colorida, não venho nas cores da escola.
QUEM: Tem algum truque para evitar o estresse no dia do desfile?
M.N.: Não é exatamente um truque, mas decidi ficar em um hotel próximo à Sapucaí. Moro na Barra, na Zona Oeste do Rio, e a Sapucaí é próximo do Centro e da Zona Sul. Para evitar o estresse e adrenalina de ter que chegar no horário, de evitar o trânsito, vou chegar de São Paulo após o desfile da Águia de Ouro e vou ficar em um hotel.
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